Sacrifícios vãos

Antes de 1974 sacrificou-se a democracia para se manter o império.
Depois de 1974 sacrificou-se o império para se ganhar a democracia.
A partir de 1986 sacrificou-se a independência para se aceder à Europa.
Desde 2002 sacrificou-se a moeda própria para se atingir a prosperidade.

Em 2017 não temos império, nem democracia, nem independência, nem Europa, nem moeda, nem prosperidade. Temos apenas um conjunto de más decisões baseadas em premissas falaciosas. Temos um país endividado e pessoas com uma carga fiscal insuportável. Trocámos a nossa realidade por utopias e ficámos practicamente sem nada.

Disto tudo que perdemos, o que podemos recuperar? Do império, apenas os laços culturais e comerciais. Da democracia, devolver a Lisboa a capacidade legislativa que foi transferida para os deputados estrangeiros em Bruxelas e Estrasburgo, e que produzem a esmagadora maioria das leis aplicadas em Portugal. Também ajuda à democracia o bom-senso de reconhecer quem ganha as eleições e, já agora, a rejeição intransigente do comunismo e das suas diversas metástases anti-liberais. Da independência, analisar com prudência e aproveitar o que se puder da oportunidade aberta pela saída do Reino Unido da União Europeia. Da Europa, uma relação mais saudável, comercial e nada subserviente com a União Europeia, rejeitando a mentalidade de alunos da Alemanha e França. Da moeda, um novo escudo forte e ligado à realidade da nossa economia e património - Frankfurt fica lá longe, a mais de 2 mil quilómetros daqui. A prosperidade recupera-se caso a caso, família a família, empresa a empresa, com as decisões pessoais de cada um, com menor e melhor intervenção do Estado e um considerável alívio da carga fiscal.

Comentários

  1. Caro António,
    O problema de uma nova moeda, é a perda de valor imediata. Nos moldes correntes, não há grande hipótese de mudar o sistema monetário sem significar que as (poucas) poupanças dos portugueses passem a valer 0.

    Quanto às leis, concordo em absoluto. Aí sim, o poder legislativo fica muito longe, sem noção da realidade Portuguesa.

    Relativamente às relações comerciais com o "império", também não antevejo que tenhamos, à data, capacidade, estrutura e vontade para tal. Aliás, hoje em dia, enquanto o regime fiscal não se alterar, as grandes empresas vão continuar a sair de Portugal, e não têm mínimo interesse no histórico.

    Assusta-me bastante o nosso rumo. Assusta-me a falta de credibilidade da classe política, e, pior, não me revejo em quase nenhum dos nossos governantes / deputados. A realidade deveria ser ao contrário. Deviam estar no parlamento pessoas de real valor (com visões diferentes, o que é bastante salutar para a democracia) e que me fizessem sentir orgulho em ser representado por eles.

    E, sem querer fugir muito ao tema, a questão da representação parlamentar, deveria dar para um debate de ideias aqui no Jacaré.

    Um abraço.

    Luís

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