Lado A e Lado B


Após uma intensa semana de formação maioritariamente comportamental, fiquei a matutar sobre um tema que pode afectar muitos de nós no nosso dia-a-dia: o lado A e lado B das pessoas nas diversas situações (pessoal e profissional).

Efectivamente, existe muita gente que, por diversas razões, tem uma postura enquanto profissional (e arriscaria dizer, enquanto trabalhador dependente) bem diferente da sua postura num contexto de conforto (o seu lado íntimo, familiar, de proximidade).

Não poucas são as vezes em que o lado B (o lado profissional) vem ao de cima como que se de uma defesa se tratasse por forma a camuflar algumas inseguranças, ou falta de confiança e, acaba por se afastar das suas preferências naturais (lado A, lado pessoal).

[Aqui, gostaria de recomendar ao leitor uma passagem pelo modelo MBTI.]

Em resumo. este modelo é sustentado por 4 dicotomias, das quais apenas me irei reportar apenas à primeira delas (Extraversion vs Introversion) e dos rótulos que facilmente se podem aplicar a cada um de nós.

Num contexto profissional, por exemplo numa reunião de trabalho, alguém que prefira reflectir antes de falar (tipo I no modelo MBTI), pode ser rotulado como "o caladinho"; "o que não traz valor acrescentado" (leia-se o que não está aqui a dizer nada), quando, no fundo, apenas está a refletir, a ponderar / preparar a sua intervenção. De igual forma, alguém mais próximo do tipo "E" pode ser conotado como "alguém que não se cala" ou "tem o cérebro ligado à boca".

Antes de julgar / compartimentar os outros, deixo dois pontos que, na minha opinião, são fundamentais a qualquer gestor, líder, amigo: i) conhecer o nosso interlocutor; ii) respeitar o seu ritmo. E este último, é mesmo fundamental. Não agimos / reagimos todos da mesma forma, com a mesma velocidade. O conhecimento do outro é fundamental para ajudar a desenvolver uma equipa, um grupo de amigos ou mesmo um blogue!

Hoje em dia, vive-se no frenesim do imediato (redes sociais, tecnologia de ponta) e facilmente se esquece o lado A das pessoas, as suas motivações, as suas ocupações.

O grande desafio, é fazer o esforço para se perceber os outros, colocarmo-nos no seu lugar e ouvir as suas preocupações. A nova geração, que está agora a entrar no mercado de trabalho, já não vai aceitar um trabalho das 9h às 21h. Não vai querer ter horários fixos, estar um escritório. Vai querer flexibilidade. Vai preferir organizar o seu dia, trabalhar à distância para optimizar o tempo livre e estar com a família, a praticar o seu hobbie, etc.

Este é também um grande desafio para organizações não tecnológicas ou start-up. como lidar, recrutar, reter o talento dos mais novos?
As pessoas fazem a cultura das organizações e para os mais velhos, vai ser um choque, talvez o maior choque geracional.

Por fim, e como passava há uns anos na RFM: "Já agora, vale a pena pensar nisto".


LBM

Comentários